Conteúdo baseado na live “Liderança e Riscos Psicossociais no Trabalho” (16/07/2025). Assista: https://www.youtube.com/watch?v=kmZpwj0KdAg
Quando falamos em riscos psicossociais, estamos tratando de fatores do trabalho (como metas sem recursos, comunicação ruim, assédio, decisões inconsistentes, turnos mal planejados) que podem adoecer pessoas e piorar o desempenho.
A liderança entra aqui porque quase tudo que reduz (ou agrava) esses riscos depende de como o trabalho é organizado: metas, recursos, papéis, ritmos, feedbacks, regras de respeito e canais de escuta.
A NR-1 (via PGR/GRO) manda identificar → avaliar → controlar → monitorar esses fatores no ambiente de trabalho. A ISO 45003 é um guia de boas práticas que mostra como fazer isso na gestão (política, participação dos trabalhadores, PDCA, indicadores).
Não é automático: risco psicossocial só entra no PGR quando houver fator do trabalho identificado.
NR-1 na prática: tratar o tema com medidas administrativas/organização do trabalho (metas, recursos, turnos, papéis, fluxos, canais de escuta).
ISO 45003 como guia: pede compromisso da alta direção, participação dos trabalhadores e melhoria contínua (PDCA).
Papel da liderança: prevenir (desenhar o trabalho), responder (corrigir rapidamente) e sustentar os controles (acompanhar indicadores e ajustar o plano).
A palavra “liderança” não está literal na NR-1, mas toda ação administrativa (definir metas viáveis, recursos, responsabilidades, prazos, monitoramento) depende de quem lidera. O que a norma pede: identificar perigos, avaliar risco (probabilidade × severidade), implementar controles e monitorar no PGR. Quando um controle falha, a gestão precisa corrigir o rumo—papel central da liderança.
Riscos psicossociais surgem de como o trabalho é organizado e conduzido: metas, recursos, turnos, comunicação, tomada de decisão e respeito. Quem puxa esses elementos é a liderança. A NR-1 (GRO/PGR) pede identificar → avaliar → controlar → monitorar os perigos no contexto do trabalho, e a ISO 45003 descreve como a gestão deve agir para prevenir e reduzir esses riscos. Em termos simples: sem liderança atuante, o PGR não sai do papel.
A ISO 45003 entende que riscos psicossociais são geridos como qualquer outro risco ocupacional, mas dependem fortemente de decisões gerenciais. A alta direção precisa definir rumo, fornecer meios e acompanhar resultados. Sem isso, controles viram cartaz na parede.
Compromisso da alta direção e política alinhada ao porte/risco da empresa.
Envolvimento dos trabalhadores nas decisões e na melhoria.
Recursos adequados (tempo, pessoas, ferramentas) para tirar pressão indevida do sistema de trabalho.
Ciclo PDCA: planejar, executar, verificar e agir continuamente.
Perigos psicossociais não são “sensações”; são condições de trabalho que elevam probabilidade de adoecimento e erros. Muitos nascem de escolhas gerenciais. Se você reconhecer situações abaixo, há sinal de alerta:
Metas sem recursos ou prazos incompatíveis com a capacidade.
Microgerenciamento, baixa autonomia e ambiguidade de papéis.
Comunicação deficiente, informação retida, decisões inconsistentes.
Uso inadequado de poder, exposição constrangedora, injustiça organizacional.
Ignorar relatos e sinais precoces (turnover, absenteísmo, conflitos).
A NR-1 não cria um processo paralelo para psicossociais; usa a mesma lógica de risco. O segredo é descrever o trabalho como ele acontece e manter critérios objetivos.
Mapeie, por cargo/área, fatores ligados à liderança e organização do trabalho (metas/recursos, papéis, comunicação, decisões, turnos). Use entrevistas curtas, DDS, observações e registros.
Defina critérios de probabilidade e severidade aplicáveis a psicossociais (ex.: frequência do problema, alcance na equipe, impacto em saúde/desempenho). Classifique baixo/médio/alto com base em evidências: entrevistas, indicadores (absenteísmo, rotatividade, incidentes, clima).
Organizacionais: ajustar metas/recursos, clarear papéis, reduzir interrupções, adequar turnos/pausas.
De liderança: rituais de alinhamento, feedbacks regulares, regras claras de respeito/conduta, canal seguro de relato (sem represálias).
De recursos/processos: garantir ferramentas/sistemas, simplificar fluxos, treinar líderes e equipes.
Acompanhe indicadores (absenteísmo, rotatividade, incidentes, relatos de assédio, satisfação/clima), rode auditorias internas e ajuste o plano conforme o risco residual. Documente no PGR o que mudou e os resultados.
Antes de “campanhas de bem-estar”, arrume a casa do trabalho: clareza, capacidade e canais. São ações de alto impacto e baixo custo.
Reunião de alinhamento semanal (prioridades, capacidade, gargalos).
Papéis e entregas claros com responsável e critérios de sucesso.
Prazos realistas com recursos mínimos garantidos (evita cobrança inviável).
Feedback quinzenal 1:1 (escuta, reconhecimento, acordos).
Canal confidencial de relato + fluxo de tratamento e devolutiva.
Use esta lista para abrir a discussão com direção e RH; quanto mais “sim”, mais maduro está seu sistema.
Mapear perigos de liderança/organização por área.
Abrir e divulgar canal sem represálias (e fluxo de resposta).
Ajustar metas e recursos de times críticos.
Implantar rituais de alinhamento e feedbacks regulares.
Medir indicadores e revisar no PGR (mensal/trimestral).
Precisa de psicólogo para avaliar?
Não. A avaliação de risco não envolve profissional da psicologia, os fatores psicossociais geram riscos ergonômicos e não tem relação com casos clínicos. Basta um profissional com conhecimentos em ergonomia para avaliar para o PGR.
Como evidenciar no PGR?
Compor o inventário de riscos com os fatores psicossociais, do mesmo modo que é feito para os outros tipos de riscos do PGR. Caso necessário, realizar plano de ação. Medidas administrativas são sempre necessárias e podem fazer parte do inventário de riscos. No Sistema ESO basta preencher o campo que vai automaticamente para o inventário.
Qual primeiro passo em empresas sem histórico?
Garantir canal seguro de relato, clarear papéis e parar de exigir o impossível (metas sem recursos). Vale ponderar se o líder da equipe sabe fazer a gestão dos subordinados, se os estilos são compatíveis e se é levada em consideração as necessidades mentais e sociais de cada trabalhador.
Assista à live completa:
https://www.youtube.com/watch?v=kmZpwj0KdAg
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