A Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP) apresentou recentemente a Agenda Regulatória para 2025, definindo as prioridades para a revisão e atualização das Normas Regulamentadoras de Saúde e Segurança no Trabalho. Esse processo, liderado pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), desempenha um papel essencial na promoção de condições seguras e saudáveis no ambiente de trabalho.
Mas como isso impacta os profissionais de SST? Nesse artigo, vamos explorar os principais pontos.
A Comissão Tripartite Paritária Permanente (CTPP) é o principal fórum de discussão e deliberação sobre as Normas Regulamentadoras. Criada pela Portaria nº 393, de 9 de abril de 1996, e atualmente regida pelo Decreto nº 11.496, de 19 de abril de 2023, a CTPP garante que todas as partes interessadas tenham voz no processo.
A comissão segue o modelo tripartite, recomendado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), que envolve a participação de representantes de três grupos: trabalhadores, empregadores e governo. Isso garante que as normativas elaboradas sejam equilibradas e atendam às necessidades de todas as partes envolvidas.
A principal função da CTPP é promover o diálogo social e estabelecer diretrizes que assegurem um ambiente de trabalho seguro e saudável. As decisões tomadas pela comissão têm um impacto direto sobre as NRs, que regulam vários aspectos das condições de trabalho no Brasil, incluindo prevenção de acidentes, saúde ocupacional, ergonomia e manuseio de materiais perigosos.
Para isso, a CTPP organiza reuniões periódicas, onde as demandas e propostas de revisão das NRs são discutidas e deliberadas. Essas reuniões contam com ampla participação de especialistas e entidades relacionadas à SST, além de representantes da sociedade civil.
A agenda regulatória para 2025 abrange um cronograma robusto de revisão e atualização de 27 textos normativos das NRs. As reuniões da CTPP estão programadas para as seguintes datas:
25 e 26 de março
24 e 25 de junho
23 e 24 de setembro
9 e 10 de dezembro
NR-04: Revisão dos Serviços Especializados em Segurança e em Medicina do Trabalho (SESMT).
NR-05: Atualização da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e de Assédio (CIPA).
NR-10: Revisão geral sobre Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade.
NR-11: Transporte, Movimentação, Armazenagem e Manuseio de Materiais.
NR-15: Atualizações nos anexos sobre calor, agentes biológicos e produtos químicos.
NR-16: Discussão sobre atividades perigosas, incluindo abastecimento de aeronaves e trabalho em motocicletas.
NR-20: Revisão sobre combustíveis, incluindo abastecimento de aeronaves.
NR-24: Condições Sanitárias e de Conforto nos Locais de Trabalho, com foco em áreas de vivência em contêineres.
NR-35: Trabalho em Altura, com discussão sobre escadas.
Os profissionais de SST desempenham um papel essencial na implementação das normas revisadas. Com as mudanças previstas para 2025, alguns pontos merecem destaque:
A revisão do Anexo III, que trata do calor, é especialmente relevante para trabalhadores expostos a altas temperaturas, como em ambientes a céu aberto. A adoção de tecnologias como roupas refrigeradas, sensores de temperatura corporal e sistemas de hidratação automatizados podem se tornar soluções frequentes no mercado. Também é esperado um maior rigor na fiscalização de medidas preventivas.
A proposta de normatizar o uso de containers como áreas de vivência traz desafios técnicos e operacionais. Questões como ventilação adequada, isolamento térmico e acessibilidade serão pontos-chave para garantir condições confortáveis e seguras aos trabalhadores.
A inclusão de regras específicas para atividades em motocicletas reflete a importância de prevenir acidentes em um dos setores mais perigosos do mercado de trabalho. O uso de tecnologias como dispositivos de rastreamento e sistemas de comunicação de emergência, além de treinamentos mais robustos, deverão ser considerados.
A revisão da NR-04 pode aumentar as responsabilidades dos profissionais de SESMT, especialmente na gestão de riscos emergentes, como aqueles associados à incorporação de novas tecnologias no ambiente de trabalho.
Com as revisões, espera-se um aumento na utilização de ferramentas tecnológicas para monitorar o cumprimento das normas. Softwares de gestão de SST, como o Sistema ESO, para registro e controles ganharão ainda mais relevância.
As mudanças nas NRs exigem dos profissionais de SST uma capacitação contínua. Programas de treinamento baseados nas novas diretrizes serão fundamentais para garantir a atualização dos conhecimentos e a adoção de boas práticas.
Empresas deverão ajustar suas políticas internas para cumprir com as novas exigências. Isso inclui reavaliações de risco, revisão de procedimentos operacionais e investimento em infraestrutura adequada. Profissionais de SST precisarão atuar como consultores estratégicos, ajudando as organizações a se adequarem de forma eficiente e a mitigarem riscos de penalidades.
Os profissionais de SST também têm a oportunidade de influenciar diretamente as normativas por meio de participação ativa nas consultas públicas e nos debates promovidos pela CTPP. Esse engajamento é fundamental para que as normas reflitam as necessidades reais do mercado.
Acompanhe as Consultas Públicas: Fique atento aos prazos e participe ativamente.
Invista em Capacitação: Realize treinamentos específicos sobre as normas revisadas.
Utilize Tecnologias de SST: Adote ferramentas que facilitem a gestão e o monitoramento do cumprimento das normas.
Promova o Diálogo: Incentive discussões internas nas organizações para antecipar desafios e oportunidades relacionados às novas normativas.
A agenda regulatória de 2025 representa um marco significativo para a evolução da segurança e saúde no trabalho no Brasil. Ela não apenas atualiza as normas regulamentadoras, mas também promove um alinhamento com as melhores práticas internacionais, garantindo que o país continue a progredir em matéria de SST.
Entretanto, essas mudanças também impõem desafios que exigem a colaboração de todos os envolvidos. Empresas precisarão investir em infraestrutura e capacitação, enquanto profissionais de SST deverão adotar uma postura proativa, engajada e atualizada. A participação ativa nas consultas públicas e debates é uma oportunidade única de influenciar positivamente o futuro da SST no país.
Por fim, as organizações que conseguirem se adaptar rapidamente a essas mudanças não apenas evitarão penalidades, mas também garantirão ambientes de trabalho mais seguros, produtivos e saudáveis. Esteja atento e preparado para as atualizações!
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