O afastamento no trabalho é algo que ocorre com mais frequência do que imaginamos. De várias doenças possíveis, algumas são mais comuns do que outras. Vivemos em um tempo onde a sanidade mental é algo a se preocupar, e no trabalho deve-se dedicar devida atenção ao assunto. Diferente de décadas atrás, quando os principais afastamentos eram referentes a acidentes, hoje dizem que transtornos mentais como ansiedade e depressão são o “mal do século”. Vejamos mais a seguir.
Quando ocorre um afastamento no trabalho, o trabalhador tem a sua renda reduzida e o empregador perde em produtividade em sua empresa. Portanto, não é algo benéfico para ninguem. Alguns números do INSS comprovam isso. Um estudo, feito entre os anos de 2012 e 2018, assinala que mais de 520 mil brasileiros receberam auxílio doença. Esse número representa um total de 40 mil dias de trabalho perdidos. Quando o colaborador se ausenta por mais de 15 dias, passa a receber o benefício do INSS, que segue um cálculo que lhe fornece apenas o mínimo para sobreviver. Ou seja, o salário fica abaixo do que o habitual. Nesses seis anos, segundo essa pesquisa, os gastos do Instituto com os benefícios foram de R$ 26 bilhões. Os números só comprovam que quando o trabalhador está impossibilitado de realizar suas atividades todos perdem. O trabalhador com o rendimento reduzido, o INSS com os gastos e as empresas com a falta da mão de obra.
Pelos dados do INSS, a dor nas costas lidera o ranking de doenças que provocam a ausência de trabalhadores nas organizações. Esse cenário vem se repetindo nos últimos 10 anos. Já é a terceira causa de aposentadoria por invalidez. Em segundo lugar, está a fratura na perna, assim como tornozelo. Na sequência, a fratura do punho e da mão.
Outro dado, da OMS, mostra que 40% das dores lombares evoluem para problemas mais graves, gerando redução da produtividade até a incapacidade.
Mas os trabalhadores não faltam por longos períodos só por doenças físicas, mas também por transtornos mentais, como ansiedade e depressão. Segundo a OMS, mais de 18 milhões de brasileiros vivem com ansiedade, 9,3% da população, colocando o país como líder no ranking da doença.
O mesmo acontece com a depressão, que afeta 5,8% (12 milhões de pessoas), levando o Brasil a ter a maior taxa latino-americana. Essas doenças afetam tanto homens como mulheres, também provocando afastamento das atividades.
Causalidades no próprio ambiente laboral são responsáveis por grande parte dos afastamentos dos trabalhadores de suas atividades. Fraturas, lesões e cortes por descuido ou má utilização das ferramentas são as causas desse tipo de acidente, bem como a não utilização dos equipamentos de proteção individual (EPIs).
As dores nas costas, que incluem problemas na coluna, configura entre as principais causas de afastamento do trabalho. O motivo, normalmente, são problemas relacionados à ergonomia — seja para trabalhos realizados em escritório (que envolve postura), seja para trabalhos no processo produtivo (carregando peso de forma inadequada, por exemplo).
As causas podem estar relacionadas a sedentarismo, doenças genéticas, trabalhos em escritórios (em que se passa muito tempo sentado), obesidade e carregamento de peso de forma inadequada. Em casos mais graves, pode ser necessário fazer cirurgia e acompanhamento com fisioterapia, o que aumenta o período de afastamento.
Acomete mais homens do que mulheres e não necessariamente está ligada a problemas no ambiente de trabalho — o que faz com que o empregador não tenha meios de elaborar planos de prevenção. Porém, ainda assim, esse problema possui um índice alto de afastamento do trabalho.
Cobranças excessivas por resultados satisfatórios, frustração profissional, problemas familiares e condições de trabalho inadequadas, por exemplo, são alguns dos motivos que causam estresse e depressão.
Em alguns casos os sintomas podem ser físicos, apresentando dores de cabeça, dor nas costas, fadiga, insônia e gastrite — o que pode causar confusão e fazer com que as pessoas acreditem ter outros problemas. O tratamento requer acompanhamento médico e o afastamento pode chegar a meses, dependendo do quadro clínico que o colaborador apresenta.
Há também a tal "síndrome de Burnout", que é resultante de trabalho excessivo, onde o empregado não se dá conta de que está trablhando muito e só começa a perceber quando os efeitos físicos começam a aparecer, como perda de cabelo e saúde corporal, olheiras, emagrecimento, fraqueza, baixa imunidade e outros fatores. Porém, em relação a afastamento por burnout, não há muitos casos em específico. Geralmente é classificado como estresse, nesses casos.
Problemas do coração podem estar ligados a condições genéticas, má alimentação e sedentarismo. O estresse no ambiente de trabalho pode ser um agravante, que, inclusive, também pode provocar hipertensão.
A LER é uma doença crônica que afeta o desempenho do trabalhador ao atingir músculos, nervos, ligamentos e tendões. É cada vez mais comum, principalmente entre aqueles que desempenham tarefas manuais recorrentes
Problemas urológicos acometem homens e mulheres e podem estar relacionados à incontinência, infecção urinária e pedra nos rins, por exemplo. Apesar de em menor número, esse tipo de doença também causa afastamento do trabalho — no caso de inflamação da bexiga (cistite) e da pedra nos rins, por exemplo, o funcionário pode mesmo ter que passar por cirurgia, o que aumenta o tempo de afastamento.
A empresa pode — e deve — exercer um papel ativo na prevenção de doenças decorrentes das funções e do ambiente de trabalho dos colaboradores. Nesse sentido, algumas ações podem ser tomadas, como:
• Realização de ginástica laboral diariamente, ensinando exercícios de alongamento que, além de ajudar a iniciar o trabalho de maneira mais disposta, servem para incentivar os movimentos nos intervalos, evitando longos períodos sentados ou lesões em decorrência da atividade realizada;
• Treinamentos de ergonomia, orientando sobre a postura adequada, a forma correta de abaixar e carregar pesos, entre outras coisas;
• Fornecimento das ferramentas e equipamentos adequados para a realização das atividades;
• Palestras para conscientização a respeito de alimentação correta, hábitos saudáveis e a importância de realizar check-ups com o médico periodicamente;
• Acompanhar e monitorar os afastamentos do trabalho, avaliando quais são as principais causas e qual a frequência em que eles ocorrem.
O acompanhamento dos afastamentos, bem como a identificação das suas causas permite que a equipe de saúde ocupacional possa avaliar quais medidas podem ser tomadas para melhorar os processos e o ambiente de trabalho, na tentativa de reduzir as ocorrências de doenças e as ausências que elas causam.
Oferecer boas condições e ferramentas adequadas para os colaboradores, além de promover um ambiente mais agradável e seguro, ajuda a reduzir os índices de afastamento do trabalho.
Porém, por mais que a empresa realize campanhas e promova a conscientização, as mudanças também devem ocorrer individualmente, com as pessoas adotando hábitos saudáveis e cuidando da saúde.
Doença profissional é aquela produzida ou desencadeada em razão da realização de trabalho específico a uma determinada atividade, e que conste na lista elaborada pelo Ministério da Previdência Social.
Já a doença do trabalho não é específica de uma determinada função ou profissão, mas tem origem (ainda que não exclusivamente) nas atividades desenvolvidas pelo sujeito, relacionando-se diretamente com as suas funções e originando-se em razão de condições peculiares em que o trabalho é desenvolvido.
Segundo a Lei 8.213/91, as doenças ocupacionais são equiparadas ao acidente de trabalho para fins previdenciários e fiscais.
A prevenção é a melhor forma de evitar o aumento do índice de afastamentos do trabalho, e ela é possível através de algumas ações simples. Veja a seguir!
A gestão de saúde é a melhor forma de evitar o afastamento do trabalho. Por isso, a melhor forma de fazer uma boa gestão de saúde nas empresas é fazer o acompanhamento dos dados epidemiológicos dos funcionários, monitorando aqueles que têm condições crônicas de saúde, entre muitas outras ações.
Dentro das empresas, o SESMT (sigla para Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) tem uma importante função no que tange o cuidado com os funcionários.
Grande parte das doenças podem ser evitadas com um Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional eficiente que atue no diagnóstico de doenças de origem ocupacional.
Este programa busca entender as causas dos afastamentos e promover um plano de ações para reduzir a exposição aos riscos, de forma a preservar o empregado no seu posto de trabalho e reduzir o absenteísmo na empresa.
A vantagem é que, com este cuidado, as empresas sofrem menos com os impactos de doenças ocupacionais. Portanto, prevenir continua sendo melhor do que remediar.
Doenças como depressão, ansiedade e fobias são as mais incapacitantes do mundo. Por isso, é preciso ter atenção aos fatores psicossociais e oferecer aos seus empregados um acompanhamento psicológico constante e alinhado às necessidades deles.
Logo, não importa se as doenças emocionais estão relacionadas à área afetiva, pessoal, social ou profissional. Elas precisam ser tratadas porque, de acordo com a Organização Mundial da Saúde, são as maiores responsáveis pelo afastamento do trabalho.
Invista em ações que incentive a prática regular de atividades físicas e a adoção de hábitos mais saudáveis, como:
• uma alimentação equilibrada;
• a ingestão de líquidos;
• o acompanhamento periódico com um médico de confiança;
• o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal.
Incentive a criação de grupos para prática de exercícios como corrida e funcional, preferencialmente com acompanhamento de profissionais de educação física. Essas ações promovem o bem-estar e a qualidade de vida dos trabalhadores, e são uma boa forma de favorecer a saúde deles.
A eliminação ou redução do risco no ambiente de trabalho é fundamental para prevenir doenças e acidentes que possam comprometer a saúde e a segurança dos trabalhadores. Além disso, é importante atuar com ações preventivas para reduzir a exposição do trabalhador ao risco em todas as áreas da empresa ou fazer uso de Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs).
O último nível, caso a eliminação ou redução do risco seja insuficiente, será a disponibilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs).
Como vimos ao longo desta leitura, os gestores precisam ter atenção ao afastamento do trabalho, pois isso gera impactos negativos para as organizações, como a baixa produtividade. Nesse cenário, promover a segurança e a saúde no trabalho é a melhor solução.
É dever das empresas promover um ambiente saudável e adaptado para evitar lesões, além de fornecer aos funcionários um espaço em conformidade com as regras de segurança, independente do ramo de atividade. Em escritórios, observar as estruturas, como mesas e cadeiras, assim como equipamentos, como computadores.
Em trabalhos mais pesados ou de risco, em obras e para trabalhadores com funções em companhias de água e esgoto, por exemplo, oferecer equipamentos de segurança para prevenir acidentes ou contaminação.
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