A Organização Mundial da Saúde descreve os fatores psicossociais como os aspectos que definem a interação subjetiva entre o trabalhador e seu trabalho, os quais interferem na vivência de bem-estar no trabalho e também nos processos de descompensações na saúde, seja mental ou física.
Estes podem ser sistematizados em dois grupos principais: organização e gestão do trabalho e interações socioprofissionais.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, em 2020 as descompensações mentais responderão como o principal motivo de afastamento do trabalho por adoecimentos. No Brasil estes problemas figuram entre as três principais causas e são os que mais afastam em número de dias, por mais que os casos não sejam em maior número.
Quem paga esta conta? Todos. Para as empresas, além do custo decorrente dos dias pagos e não trabalhados, tem um custo invisível, que as empresas não estão contabilizando, que é a sobrecarga das equipes e a “perda” do saber-fazer, da inteligência e de competências construídas a longo prazo.
Isso não é contabilizado. Sem considerar todo o custo social que os afastamentos por saúde mental geram para a sociedade, sobrecarregando a Previdência Social e a assistência à saúde, pública e privada.
Também temos os impactos na vida do trabalhador. Além do adoecimento, algumas vezes significa uma interrupção na carreira, na vida pessoa há um comprometimento de alta significância, especialmente nas relações familiares, afetivas amorosas e sociais.
Um pai ou uma mãe que tem um problema de saúde mental impacta no equilíbrio de toda a família. As relações afetivas amorosas e sociais passam por questionamentos e podem se romper diante de problema de saúde mental, especialmente no contexto social atual, no qual os vínculos são descartáveis e facilmente substituídos.
A forma de organização e de gestão do trabalho define a divisão hierárquica, os procedimentos para a realização das tarefas, os indicadores e as metas de produtividade, o ritmo e a intensidade do trabalho e os critérios de promoção na carreira. As interações socioprofissionais contemplam o padrão das relações entre as pessoas, o qual é definido também nos limites dados pela forma de organização e de gestão do trabalho.
As práticas de gestão e de organização do trabalho predominantes atualmente estão centradas na individualização, ou seja, numa referência de carreira e de metas individuais, mesmo em meio a um discurso de trabalho em equipe. Cobranças excessivas focando apenas um indivíduo, quando na verdade deveria ser analisado toda a equipe, pode ser um fator que afete a saúde mental do empregado.
Outra característica importante é a exigência de uma capacidade produtiva sempre crescente, uma necessidade de superação de si mesmo e dos outros, intensificando o trabalho, instituindo a competição entre os pares e o medo permanente de não estar à altura das exigências.
As exigências sempre crescentes na relação empregador e empregado é algo muito comum, mas que não faz sentido. Como progredir e mostrar avanço quando já está mostrando o resultado máximo possível para o nível da empresa? Muitas empresas esperam alcançar o céu e colocam esse dever na mão de um empregado que, muitas das vezes, já está mostrando o máximo de desempenho possível dentro do cenário atual da empresa. Por exemplo, um setor de marketing que dentro do orçamento da empresa está obtendo o máximo de resultado possível e, ainda assim, é cobrado pela empresa a aprensentar sempre melhores resultados, sendo que o orçamento continua o mesmo. Situações como esta, por exemplo, afetam a saúde mental do trabalhador e interferem em sua saúde e bem estar dentro e fora do trabalho, resultando em um fator psicossocial.
Não existe um fator de risco específico para cada uma das doenças ocupacionais psicossociais. Isso porque várias condições de trabalho podem gerar esse tipo de transtorno. O transtorno gerado depende de uma combinação dos riscos ambientais e características individuais dos colaboradores.
Contudo, vejamos alguma “palavras-chave” que podem se referir aos fatores psicossociais:
Os fatores de risco podem ser relacionados à tarefa que o seu colaborador executa. Ele pode não ver utilidade no seu trabalho (falta de significado), para a empresa ou sociedade em geral. Além disso, a tarefa pode exigir competências e habilidades que ele não possui (cobranças excessivas e desleais), ou oferecer risco à sua integridade física (como é o caso de policiais, por exemplo).
Esses fatores também podem estar relacionados à organização do trabalho em si. Ou seja, o seu colaborador pode estar sendo submetido a muitas horas de trabalho sem descanso ou a uma carga horária muito alta.
Por fim, eles podem estar ligados à estrutura da organização, como falta de reconhecimento ou participação nas decisões da empresa. Não somente isso, mas também ambientes de trabalho “tóxicos” podem levar a todos estes fatores.
Os riscos psicossociais abrangem fatores relacionados ao ambiente de trabalho que podem afetar a saúde mental do trabalhador, além de agentes externos que abalam o estado emocional e psicológico do profissional e reduzem sua capacidade produtiva. Um ambiente de trabalho tóxico pode ser considerado um risco, muitas das vezes. Algum empregado do setor pode sofrer com algum transtorno, é algo que ocorre com frequência.
Situações que colocam em risco a segurança e a saúde física do trabalhador são facilmente identificadas, ao contrário dos riscos psicossociais, que podem passar desapercebidos. Para identificar a existência de riscos psicossociais, é necessário fazer uma boa análise do quadro de colaboradores.
Esse levantamento deve apurar os índices de produtividade, rotatividade, absenteísmo (faltas ao trabalho), licenças médicas devido ao estresse, insatisfação elevada, clima organizacional tenso, funcionários desmotivados, entre outros indicadores que podem mostrar a existência de riscos psicossociais.
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